Frescuras de um community manager
- sandraseabramoreira
- 25 de nov. de 2019
- 1 min de leitura
Atualizado: 25 de nov. de 2019
Era 1997 e a internet vinha com tudo. Eu também: as pessoas mal sabiam o que era e-mail quando eu já editava entrevistas pingue-pongue sem limite de espaço, com abres apresentando cada tópico da entrevista por meio de hiperlinks, sapateando mentalmente nas sobras de textos, nos pés das colunas das páginas diagramadas, nas redações de jornais impressos. Eu fui uma webmaster quando essa designação ainda nem existia no Brasil.

Dia desses, garimpando trabalho, um community manager pedia: "procura-se redator com escrita moderna e refinada". Que chiquérrimo, gente: escrever um texto prêt-à-porter com acessórios tipo adwrods, a partir de conceitos do marketing inbound, com técnicas de Seo... Ri. Mas preciso de trabalho: enviei portfólio.

O contratante pediu certificação de um obscuro curso para redatores com nome em inglês – um diploma de jornalismo é dispensável –, e que está na boca de dez entre dez redatores da deepweb dos freelas, um segmento que paga muito mal, e em que os contratantes humilham e advertem redatores, ao mesmo tempo em que oferecem trabalho, por meio de um texto padrão.
Comentando o fato com um redator mais novo do que eu, ele disse: "Veja bem, jornalistas old school como você ainda têm muito a oferecer ao mercado, eu defendo que têm".
Ahã.
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